Todas as coisas


A poesia encontra-se em todas as coisas. Na terra e no mar, no lago e na margem do rio. Encontra-se tambem na cidade. É evidente para mim, aqui, enquanto estou sentado, há poesía nesta mesa, neste papel, neste tinteiro; há poesia no barulho dos carros nas ruas, em cada movimento diminuto, comum, ridículo, de um operário que do outro lado da rua está pintando a tabuleta de um açougue. (...) É que a poesia é espanto, admiração, como de um ser tombado dos céus, a tomar plena conciencia de sua queda, atónito, diante das coisas. Como de alguém que conhecesse a alma das coisas, e lutasse para recordar esse conhecimento, lembrando-se de que não era assim que as conhecia, não sob aquelas formas e aquelas condições, mas de nada mais se recordando.

F.P.

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